Sem nós

Sem nós
O que me prende a ti não são laços. Talvez, nós.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

De fora pra dentro

Levo em meus anseios
todo produto dos meu sonhos
e não tenho argumento
para explicar
como andam os meus dias.
Seguem sozinhos,
distantes de mim...
Uma certa calma
tardia e instigante
que me faz acreditar
que para meus desencontros
só me resta rezar.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Ao vento

O que me redecora,
me confunde o juízo
em ornamentos
fora de mim.
Sou apenas
esta folha seca
que suga
o que sente
e se joga
puramente
no chão.

sábado, 21 de novembro de 2009

Vampiro

Compartilhar sonhos
expectativas
abandonos.
Tudo o que peço
é um pouco
do seu
sangue.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Apenas traços

Na parede do seu quarto
me desenhei.
Traços em giz de cera
espalhados com algodão.
Eternos borrões
como maquiagem
nos olhos molhados.

A Ilha

É muito, extremamente chato
ter a obrigação de sempre pensar positivo.
Afaste os maus pensamentos, minha filha...
Ô conselhinho...
Por favor, me poupem dessa mesmice,
desse frenesi que assola
o planeta dos bonzinhos.
Quero mesmo as tempestades,
naufragar o meu navio...
Quem sabe eu não sobreviva
e aprenda a nadar?
Desfalecer em alguma ilha
do Pacífico
é, simplesmente,
o que quero neste instante.

Velório

Estou dormindo melhor
desde que você morreu.
Pra mim.

Aos nossos sentimentos, Dan! Você entendeu. Bj.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Instinto

Não foi bem assim
que imaginei
o fim da história.
Mas foi minha, sim, a escolha.
Afinal, somos tão capazes,
firmes nos nossos propósitos,
donos do próprio nariz...
que até perdemos o faro,
a visão noturna
e somos incapazes
de distinguir instinto
de superstição.
E ainda nos orgulhamos
de sermos seres racionais.
De pouca valia para quem
nem consegue salvar a própria pele
ou prever e se proteger
das pequenas e grandes tragédias
que nos espreitam todo dia.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Tome posse

Para todos que querem
morrer
eu digo:
não, não, não!!!!!
Seu deleite não depende
de ninguém.
Seu aceite é só seu.
O açoite,
de onde vier,vem...
Não é seu...
Proteja...
Transpasse...
Eleja...
Aceite...
Transgrida...
Não há disfarce
para o que é seu.

Pouco sexo

Quando alguém
deixa tudo pra trás
há uma razão tão forte
quanto a conjuntura dos astros,
a conjugação dos verbos
o divã...
Quando alguém
abre mão de tantas coisas
isso requer respeito.
Porque
se alguém abre mão
do contexto,
do seu texto
não há mais reflexo...
O que há é pouco sexo
refluxo
desconexo
E, pra mim,
me desculpe,
senhores,
não há nexo.

Se acaso me quiseres

Algo está fora do tom.
Descompassos
Semi tons
mero ocaso.
Perdoe-me Chico
mas se acaso me quiseres
sou dessas mulheres
que só dizem
Sim
pra você!
Não pra você, Chicoooooooooooooooo!
Desculpe, apenas,
a licença poética...

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Desapego

Você nunca
mas nunca mais
vai saber o que sinto.
Assim você quis
Assim será...

Transbordando

O acordar
se torna mais belo
a cada manhã
em que me sinto
abrigada
e acarinhada
entre palavras
e lençóis de algodão.
E o primeiro gole d'água
que bebo com mais vontade
escorre por toda minha boca.
E é intensa a vontade
de sorver até a última gota
o líquido que você me oferece
em gigantescas moringas
cheias até o topo.

domingo, 1 de novembro de 2009

Enlace

Quando minha perna enlaçar a sua
não diga nada
não peça nada.
São movimentos involuntários
levados pelo que nem sei
e nem posso explicar.
Se quiser, apenas retribua....
Mas me deixe descansar
nesse enlace
tão íntimo
espontâneo...
Apenas e totalmente
um laço.

sábado, 11 de julho de 2009

Lápis

As perdas do caminho
fazem parte
de todo processo
do caminhar...
Mero progresso paisagístico
de nem sei quem...
Começo da subida
do esparramar de ondas
de afundar o pé...
Movimento de encher o copo
até o topo
chutar o balde
romper o grito.
Desarme-se
desate os nós...
Somos poucos
por aqui.
Apenas a pena caída
o vulto, a vela que queima...
um alicerce...
Seria tão bom ser o toque final,
o prego na parede,
o designer,
a cor que realça.
Mas há quem nasceu
pra ser o papel
e quem nasceu pra ser
Lápis.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Sem mandingas, por favor

Só querer.
Apenas querer.
Intenções sem movimento
pequenas torturas diárias
de quem sente
o leve clamor
de um movimento
involuntário dos músculos.
Eterna transmutação
pequenos tiques
que surgiram
das não-escolhas.
Basta saber que o mesmo feitiço
que atordoa
mata, fere
e não adianta
sal grosso.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Não sei alinhavar

Não me lembro bem
da primeira vez que desisti.
Uma dormência nos olhos
o arrepio nas pernas
o jogar-se em qualquer lugar.
A falta de ar
o coração no céu da boca
o medo avassalador
de esmorecer
e não buscar um ombro.
Quem me empurrou para a porta?
Quem me guiou até o porto?
As respostas já não me importam
reconstruí os muitos pedaços
e ficou bom o resultado
por fora ninguém vê.
Pelo avesso
só eu sei...
O esforço foi dobrado
mas nunca fui boa mesmo
em trabalhos manuais.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Sem máscaras

Desculpe
se entendi errado
os seus gestos
e interpretei mal
as palavras.
Isso acontece
com os corações aflitos
e acelerados.
Esqueça tudo que eu disse.
Encare como se fosse um pensamento longe
e criativo.
Não retiro nada daquilo
mas peço que você pare de me sugar
com esse olhar de reticências.
Pronto.
Está tudo resolvido.
Só tirei a máscara
porque era carnaval.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Confessionário

Quando acordo e te vejo
sei que ganhei um dia
de puro enlevo.
Suspiro sua presença
e me vejo
pulando em seu colo
por pura falta de modos.
Não posso compactuar
com a discrição
das meninas de outras eras.
Não tenho pudores, nem ódios.
Sou apenas isso que você conhece.
Uma alma densa
presa ao seu pescoço
e a desabar
em seu colo.

Palavras

Quando a minha palavra
for ouvida
todas as noites insones
terão razão de ser.
Meus dias serão pintados
de cores fortes
e me jogarei neles.
Quando a minha palavra
for repetida por outra boca
ouvirei mantras
e os sons do silêncio.
Serei um ser pulsante
de atos livres.
Quando minha palavra
entrar na vida de alguém
nunca mais estarei sozinha.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Teias

De longe tudo é permitido
sem censuras ou melindres.
É como se não houvesse fronteira.
Podemos esparramar
nossos amores contidos,
as palavras guardadas,
a mais sutil emoção.
Às vezes, a presença
refreia os instintos
por concretizar
a beleza desenhada
e revista por todos os ângulos.
Textura, cheiro, gosto.
Nada jamais visto.
Puramente sentido
e capturado pelas finas teias
que trançam certos caminhos.

Sem reservas

Olhe-se e veja
Somos muito
em tão pouco espaço.
Respiramos o mesmo ar,
compactuamos palavras.
Servimos aos mesmos amores.
São abraços invisíveis
que nos colocam
de frente um para o outro.
Nada planejado
tudo consentido
sem reservas
ou cartão de embarque.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Em tons de gris
vagueia meu coração
a procura de uma aquarela
para refazer este dia.
Pintá-lo com as cores
da infância.
Casa, chaminé,
porta sem trancas
e cortinas na janela.
Simples vida
só vista por olhos de criança.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Rolleiflex

Atrás do nosso retrato
em letras de forma
nosso testemunho
da troca de amores,
poucos favores,
toda entrega.
Sorriso nos olhos
em momentos únicos
registrados por uma rolleiflex.
Nuances que, hoje, fogem
às digitais.
Registro dos tempos modernos
onde não há lentidão,
detalhes ou arremates.
Século em que a solidão
se veste como mais um
vulto na multidão.
Onde nós mesmos
tiramos nossos retratos.
Não precisamos de ninguém.
Até em nossa solidão
somos autônomos,
independentes.
Reverso do tempo
onde nos ensinavam
a amarrar os sapatos,
estendiam as mãos
para subirmos em trens
e precisávamos de terceiros
pra registrar nossa felicidade.
Apenas para compartilhar.

domingo, 18 de janeiro de 2009

De você, nada sei

Não quero esquecer o seu rosto
nem poderia
Ele está desenhado em mim
cravado com agulhas finas.
Não tenho mais nossas fotografias
você as rasgou naquele dia
sem me dizer o motivo
dos seus desvarios.
Também não sei mais
se quero ouvir
qualquer coisa.
Não tive o direito
de falar, de me defender
por nada saber.
Agora, passado o temporal,
não mais voltarei.
Por isso rasguei
suas cartas
e não atendi a seus apelos.
Prefiro assim.
Sem explicações fiquei
Sem explicações você ficará.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Retrato

Em cada sonho revelado
redesenho minha história,
misturo pedaços
que guardo
no espaço de tempo
que me sobrou.
O que você vê
é apenas uma caricatura,
breve relato do que sou.
Minha identidade
não está em carteiras
ou bolsas
mas na expressão
da minha alma
que nenhuma lente
captou.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Máscaras

Se for minha sina
me deixe aqui, só.
Não mereço aplausos
ou pedidos de bis.
A cortina há muito se fechou.
O ensaio foi em vão,
forçado, sem nexo.
Os protagonistas
não convencem.
São, apenas, artistas da vida
que emudecem
sob holofotes.

À queima roupa

Quero desvestir-me de esperas
e vazios no peito
que teimam
em remexer meu passado
sem constragimento.
Desvencilhar-me do torpe,
de palavras jogadas
à queima roupa,
de quem me lança
na fogueira.
Se sou feiticeira
é o meu destino.
Não aceito condenações
ou estigmas.
Nasci para me livrar do medo.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Rito

Suas mãos
me tiram o ar
quando envolvem minha nuca
e embalam meus cabelos.
Fico como boneca de pano
completamente entregue.
E me deixo transportar
em passos ousados
na mais íntima das danças
que move a natureza
em ritos ancestrais.

Leve pouso

Amanhã não sei se estarei por aqui
sou levada por rumores
humores inconstantes
como um dia que amanhece
em tons de gris
depois se aquece
e torna-se violeta.
Amanhã não sei se estarei por aqui
nada me pertence
nem mesmo a vontade
Alguém pode levá-la
e eu ficarei como o barro vermelho
que veste minha cidade.
Amanhã não sei se estarei por aqui
mas me procure
não me deixe pra trás
em algum lugar pousei
e só você poderá me buscar.