Sem nós

Sem nós
O que me prende a ti não são laços. Talvez, nós.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Entrelaços

Vínculos surgem
do que não podemos explicar
Complementos, diferenças,
sintonia
tudo ou nada disso.
Pouco importa.
Com esses laços
enfeitamos segredos
fiamos histórias
e nos entrelaçamos
em momentos
tão enraizados em nós
que torna-se difícil
desenhar o óbvio
e entender
o que não se explica.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Êxtase

Sinto frio sem seu corpo.
Mesmo em pensamento
ele me falta
como o ar
que abrevia meus dias.
Não sei quanto tempo teremos
mas para mim
pouco importa.
Louco amor
que diz se conformar com o pouco.
Mas que anseia
por mais e mais.
Talvez ninguém
consiga te alcançar
como eu.
E, mesmo assim,
sou apenas o rascunho
do seu poema
ou a breve partitura
dos bêbados e errantes.
Mas tenho medo
de, quando você acordar,
eu já não esteja mais aqui.
Sou parte do vento
que preenche o fim da tarde
e me deixo levar
pra onde me sinto bem.
Acarinhada, beijada,
em puro êxtase
como num manual
de sexo tântrico.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Instinto

O meu lado racional
já fez sua opção.
Se vou me arrepender
ainda não sei.
Afinal, sou apenas humana,
às vezes frágil,
em outras visceral.
Mas quero preservar
os meus instintos
não só de sobrevivência
mas o de respirar aliviada.
Desta vez, tenho medo
das palavras não ditas
e pela falta delas
me vi acuada
e precisei sair à francesa.

Pelas frestas

O som do passado
me acordou hoje
e me empurrou cedo da cama.
Ainda tonta
me deixei levar.
Tropecei em culpas
espalhadas pelo chão,
caí em buracos entreabertos
e me fartei em lágrimas.
Sei que não há mais tempo
para colocar as trancas
em portas e janelas.
Mas também isso não adiantaria.
O passado entra
pelas frestas
e se esconde nos ralos.
Vagueia pela sala
abre tampas de panelas
e, de madrugada,
deita ao meu lado
dividindo o mesmo cobertor.
Pela manhã,
me sacode de mansinho
beija a minha boca
pega a minha mão
e eu me deixo levar.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Poeira

O mesmo tempo
que nos traz desenganos
desfaz as dores,
recria a vida tece teias.
Some na vastidão
resgata lembranças perdidas
e transforma outras
em partículas de poeira.
O tempo não pára um minuto
nunca dá trégua
e sempre nos leva no colo
acordados ou dormindo.

Sem fronteiras

Quando pensamos
que o que sentimos
nunca se repetirá
descobrimos que,
como música,
a inspiração não termina nunca.
Quando pensamos
que fizemos
a mais linda melodia
eis que vem outra
e mais outra
que preenche aquele
espaço de delicadeza
e paixão.
Somos mesmos sem fronteiras
A mais perfeita música
que ainda vamos conhecer
Porque somos seres
sem fronteiras,
barreiras
ou fins.
O que quisermos ser
está em nossas mãos.

Parceiros

De alguma forma
já nos casamos
Fizemos pactos
e somos cúmplices
na intensidade
das palavras,
agora, nossas filhas
que acarinhamos
e regamos
em íntima parceria.

Sintonia

Janela entreaberta
convite escancarado
pro segredo guardado
entre nós dois.
Perfeita sintonia
de vozes e corpos
que mergulham
em mundos invisíveis.
Lugar onde só cabe dois
e isso basta
pro tudo que ficou
em marcas profundas.
Quando sair
encoste a janela
bem devagar
deixarei o trinco aberto
de novo
amanhã.