Sem nós

Sem nós
O que me prende a ti não são laços. Talvez, nós.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Rolleiflex

Atrás do nosso retrato
em letras de forma
nosso testemunho
da troca de amores,
poucos favores,
toda entrega.
Sorriso nos olhos
em momentos únicos
registrados por uma rolleiflex.
Nuances que, hoje, fogem
às digitais.
Registro dos tempos modernos
onde não há lentidão,
detalhes ou arremates.
Século em que a solidão
se veste como mais um
vulto na multidão.
Onde nós mesmos
tiramos nossos retratos.
Não precisamos de ninguém.
Até em nossa solidão
somos autônomos,
independentes.
Reverso do tempo
onde nos ensinavam
a amarrar os sapatos,
estendiam as mãos
para subirmos em trens
e precisávamos de terceiros
pra registrar nossa felicidade.
Apenas para compartilhar.

domingo, 18 de janeiro de 2009

De você, nada sei

Não quero esquecer o seu rosto
nem poderia
Ele está desenhado em mim
cravado com agulhas finas.
Não tenho mais nossas fotografias
você as rasgou naquele dia
sem me dizer o motivo
dos seus desvarios.
Também não sei mais
se quero ouvir
qualquer coisa.
Não tive o direito
de falar, de me defender
por nada saber.
Agora, passado o temporal,
não mais voltarei.
Por isso rasguei
suas cartas
e não atendi a seus apelos.
Prefiro assim.
Sem explicações fiquei
Sem explicações você ficará.