Sem nós

Sem nós
O que me prende a ti não são laços. Talvez, nós.

sábado, 25 de maio de 2013

Ser feliz

Se a gente juntasse
aqueles segundos
em que somos felizes,
talvez,
quem sabe
desse um ano.
Não sei.
Mas um ser humano
ser pleno assim
em 365 dias,
sobreviveria?
Confesso,
não sei.
Eu, com certeza,
morreria.
Feliz.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Recomeço

Desatou aos poucos
os laços
e o sentiu deslizar
em suas costas.
Puro veludo azul.
Com dois grampos,
prendeu os cabelos.
Queria sentir o vento
na nuca.
Sempre fazia isso
quando menina
e pulava corda
na porta da escola.
Desvencilhou-se do vestido
emaranhado em seus pés.
Pensou em guardá-lo
mas o deixou ali,
no tapete do quarto.
Afinal, era mais uma noite
sem visitas.
Suspirou.
Do outro lado da rua,
ele a viu.
Encostou-se à parede
do quarto.
Olhos jogados na janela.
Nem sentia mais frio.
Sem querer, prendeu o ar.
Nossa...
há tempos
não via ninguém assim.
Tão trajada de nudez.
Levou as mãos ao rosto.
Por entre as cortinas,
ela suspirou,
derreteu-se em lençóis
e se pintou de azul.
Na noite sem estrelas,
a moça da janela,
finalmente,
dormiu.
Do outro lado da rua,
encostado à parede,
ele só pensava
em se barbear pela manhã.
Apagou a luz,
se vestiu de cor
e sorriu.