Sem nós

Sem nós
O que me prende a ti não são laços. Talvez, nós.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Dizer EU QUERO - este, sim, é um Feliz Ano Novo.

Começar ou continuar?

Estranhas idéias que temos.

Um ano desaparece

simplesmente

basta a noite cair,

como sempre

e o dia chegar,

como sempre.

FELIZ ANO NOVO?

Então é assim?

Acabou. C´est fini. The end?

Não sei...

mas acordo na mesma casa,

tenho as mesmas contas,

os mesmos vizinhos de hoje.

A virada não cabe em uma data

mas em um único movimento:

mexer os lábios,

soltar a voz e murmurar

ou gritar na janela

EU QUERO!!!!!

domingo, 28 de dezembro de 2008

Sem embates, por favor...

Naquela noite,
triste hora dos acertos,
a chuva abafou minha voz.
Tanto por dizer
e por escutar...
Mas você me conhece bem
sabe que não sei gritar.
Minha voz se perde em mim
nesses momentos
por saber
que amor não é embate.
Confrontos me deixam sem ar
e fazem pesar minhas pálpebras.
E nessas horas,
você nunca me estendeu a mão.
Guardo a mágoa
do abraço não dado
e por fazer da chuva
meu choro
quando, sozinha,
atravessei a rua
naquela noite,
triste hora dos acertos.

Armadura

Pra você,
sou toda ouvidos
Mas não abuse
do meu bem-querer.
Não sou feita de cera
pra me derreter com elogios
nem de louça
pra me desfazer em cacos.
Saiba que meu material
é resistente
já foi testado em fogo
e em temperaturas polares.
E estou aqui, não estou?
Pra você pode parecer estranho
Já, pra mim,
ficou fácil demais
me encouraçar.

Capricho

Paixões surgem
fora de época.
Num carnaval em novembro,
nas férias de abril
ou entre corações
já de outros.
Sem tempo certo
o querer rasga a pele
provoca tufões.
Capricho da natureza
que penetra em compartimentos
sem carimbo de aprovação.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Entrelaços

Vínculos surgem
do que não podemos explicar
Complementos, diferenças,
sintonia
tudo ou nada disso.
Pouco importa.
Com esses laços
enfeitamos segredos
fiamos histórias
e nos entrelaçamos
em momentos
tão enraizados em nós
que torna-se difícil
desenhar o óbvio
e entender
o que não se explica.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Êxtase

Sinto frio sem seu corpo.
Mesmo em pensamento
ele me falta
como o ar
que abrevia meus dias.
Não sei quanto tempo teremos
mas para mim
pouco importa.
Louco amor
que diz se conformar com o pouco.
Mas que anseia
por mais e mais.
Talvez ninguém
consiga te alcançar
como eu.
E, mesmo assim,
sou apenas o rascunho
do seu poema
ou a breve partitura
dos bêbados e errantes.
Mas tenho medo
de, quando você acordar,
eu já não esteja mais aqui.
Sou parte do vento
que preenche o fim da tarde
e me deixo levar
pra onde me sinto bem.
Acarinhada, beijada,
em puro êxtase
como num manual
de sexo tântrico.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Instinto

O meu lado racional
já fez sua opção.
Se vou me arrepender
ainda não sei.
Afinal, sou apenas humana,
às vezes frágil,
em outras visceral.
Mas quero preservar
os meus instintos
não só de sobrevivência
mas o de respirar aliviada.
Desta vez, tenho medo
das palavras não ditas
e pela falta delas
me vi acuada
e precisei sair à francesa.

Pelas frestas

O som do passado
me acordou hoje
e me empurrou cedo da cama.
Ainda tonta
me deixei levar.
Tropecei em culpas
espalhadas pelo chão,
caí em buracos entreabertos
e me fartei em lágrimas.
Sei que não há mais tempo
para colocar as trancas
em portas e janelas.
Mas também isso não adiantaria.
O passado entra
pelas frestas
e se esconde nos ralos.
Vagueia pela sala
abre tampas de panelas
e, de madrugada,
deita ao meu lado
dividindo o mesmo cobertor.
Pela manhã,
me sacode de mansinho
beija a minha boca
pega a minha mão
e eu me deixo levar.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Poeira

O mesmo tempo
que nos traz desenganos
desfaz as dores,
recria a vida tece teias.
Some na vastidão
resgata lembranças perdidas
e transforma outras
em partículas de poeira.
O tempo não pára um minuto
nunca dá trégua
e sempre nos leva no colo
acordados ou dormindo.

Sem fronteiras

Quando pensamos
que o que sentimos
nunca se repetirá
descobrimos que,
como música,
a inspiração não termina nunca.
Quando pensamos
que fizemos
a mais linda melodia
eis que vem outra
e mais outra
que preenche aquele
espaço de delicadeza
e paixão.
Somos mesmos sem fronteiras
A mais perfeita música
que ainda vamos conhecer
Porque somos seres
sem fronteiras,
barreiras
ou fins.
O que quisermos ser
está em nossas mãos.

Parceiros

De alguma forma
já nos casamos
Fizemos pactos
e somos cúmplices
na intensidade
das palavras,
agora, nossas filhas
que acarinhamos
e regamos
em íntima parceria.

Sintonia

Janela entreaberta
convite escancarado
pro segredo guardado
entre nós dois.
Perfeita sintonia
de vozes e corpos
que mergulham
em mundos invisíveis.
Lugar onde só cabe dois
e isso basta
pro tudo que ficou
em marcas profundas.
Quando sair
encoste a janela
bem devagar
deixarei o trinco aberto
de novo
amanhã.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Pobres sapatilhas

Quando menina
a vida em sapatilhas
mais tarde esquecidas
puídas,
jogadas no lixo
de qualquer lugar.
Apenas um desejo
que se esvai na neblina do tempo
nos atalhos e descaminhos.
Sem rodopios ou saltos
a quase bailarina
lembra a sua história
tão longe e incômoda.
Quando em pontas
o palco era seu futuro
mas nunca foi
seu destino.

Era pra ser a dois

A festa é para poucos
Você o convidado especial
Mesmo sem roupas de grife
Sem sorriso nos olhos
Ou flores nas mãos.
Acendi as velas
Perfumei a sala
Sentei no sofá
Esperei
E a música não começou.
Mas guardei tudo do pouco
Os pingos de vela na mesa
O vidro de essência que perfumou a sala
E a vontade derramada no sofá.
Se é o que você quer
Então apague seus escritos
Feche sua portas
Escureça as janelas
Algeme suas mãos.
Prometo não bater na sua porta
Mas espero....
Que você ouse com novos escritos
E a vontade estampada na boca
Você é o convidado especial
Dessa festa que é mesmo para poucos...

Cristais

Da noite,
apenas vestígios de nós dois
Restos no prato e na cama
migalhas e almofadas
pelo chão.
A urgência da febre
não tem analgésicos.
As mantas que cobrem meu corpo
sãos as mesmas que usamos
juntos.
E, agora, minha pele arde
sozinha.
Triste momento
que o destino
escreveu.
Não resta mais nada
a não ser a entrega
a pensamentos hostis
arrepios pelo corpo,
nervos estilhaçados
e fibras esticadas ao limite.
Mas não sou de entregar os pontos
me recosturo inteira
com os mais finos acabamentos.
Enquanto você espera
me ver em frangalhos
apareço com a mais linda veste.
Feita de cristal.
Presentes dados
pela mãe terra
tirados do mais profundo
leito
do Planalto Central.

Entre lençóis e moringas

O acordar
se torna mais belo
a cada manhã
em que me sinto
abrigada e acarinhada
entre palavras
e lençóis de algodão.
E o primeiro gole d'água
que bebo com mais vontade
escorre por toda minha boca.
E é intensa a vontade
de sorver até a última gota
o líquido que você me oferece
em gigantescas moringas
cheias até o topo.

Passos de um tango

Quero colar o meu rosto no seu
Como num tango argentino
Quero a música que nunca tocou
E que só imagino
Passos marcados
Corpos calados
Palavras no ar
Toda vontade
Guardada no peito
E que escorre
Em poros abertos
Se é choro ou chuva
Não sei
Mas lava e acalma
E surgem pedaços
Que formam mosaicos
Que unem as dores
Amores antigos
Que ficam gravados
E enfeitam a sala
Onde ouço a música
Que imagino
Passos marcados
Corpos colados
E toda vontade
Guardada no peito