Sem nós

Sem nós
O que me prende a ti não são laços. Talvez, nós.

sábado, 15 de junho de 2013

Blues

Se a vontade
fosse soberana
estaria em seu colo,
ouvindo um blues
e tudo o mais
que você quisesse
dizer.
Blues é alma.
É volta pra casa.
Alma plena.
A vida é curta,
densa
como a noite
ou o sol.
Questão de escolha.

Palpitações

Quando me chamares
que seja por inteiro
com portas e janelas
escancaradas.
A mala há muito está pronta
encostada
na parede da sala.
Vivo como se
a qualquer  momento
fosse entregar
minha alma
a um forasteiro. 

Sou cor

Perguntou
sobre amores,
passado, dores.
E menti.
Menti, apenas,
por dispensar
seus favores,
seu interesse forçado.
Amanheci
remoendo as entranhas,
sua ânsia em se fazer
de normal,
o faz um ator banal.
Você me conhece
tão pouco
que dei o troco.
Fiquei sem ar
mas sobrevivi.
Mesmo
repartindo
minhas cores.

Cativeiro

Nosso silêncio
ecoa em grutas
e abismos.
Estranhos motivos
nos fazem manter
o coração
em abrigo eterno.
Como um animal
em extinção
jogado em cativeiro
para garantir
a continuação
da espécie. 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Palavras

Palavras são teias
invisíveis,
emaranhado de energias
que muitas vezes
nos tiram o fôlego
e embolam a garganta.
Nos fazem
engolir em seco.
Palavras
podem doer tanto
como corte de papel.
Parece incrível,
mas lateja
uma noite inteira.
Palavras podem ser
traiçoeiras, cortantes.
Mas quero, apenas,
as poéticas.
Vou saboreá-las
como um bom vinho
ou me desnudando
sob a lua
que move as marés.
Palavras
são tão frementes
que fisgam a alma.
Envolvem,
atiçam o corpo inteiro
como farpa no pé.

Prazo de validade

Não quero as suas mentiras
misturadas ao vinho
que transborda de taças.
Quebre a sua
e me deixe brindar sozinha
ao que nunca fomos.
Nunca lhe pedi garantias
e nem acredito
em elos arquitetados.
Tenho olhos transparentes
para transpassar pensamentos
e descobrir o forjado.
Por isso mesmo lhe digo
nosso prazo de validade
acaba de expirar.