Na parede do seu quarto
me desenhei.
Traços em giz de cera
espalhados com algodão.
Eternos borrões
como maquiagem
nos olhos molhados.
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Sem nós
O que me prende a ti não são laços. Talvez, nós.
Rainha
Acho pouco o que peço. Não interfiro em destinos nem incomodo ninguém. Da minha vida sou rainha e, não, súdita.
Sem juízo
Se for por amor, corra o risco, perca mesmo o juízo. Proteste! Diga não à cobrança de imposto, às rédeas curtas, ao franzido no rosto. Jogue pela janela toda dor.
Infinito
Aqui estou. Sentada assim. Tão só. E com esta amplidão pronta a me abraçar. Cada um de nós, todos os dias, repensa o futuro. Mas nem ao menos temos a certeza do próximo segundo. E aqui estou. Tão só. E esta imensidão a me abraçar.
Da janela lateral
Pintei um céu para mim. Desenhei a lua, entre árvores, reforcei as cores em volta, fechei os olhos. Dormi feliz.
Um brinde
Se o vinho expõe as perdas e libera o verbo, bendito seja!
Amarras
Olhando pro chão me sinto careca e solitária.
Apenas traços
Na parede do seu quarto me desenhei. Traços em giz de cera espalhados com algodão. Eternos borrões como maquiagem no rosto molhado.
Tenho uma percussão no peito que acompanha seus movimentos. Mero complemento da sua música.
Terra prometida?
De belos contrastes o planalto sobrevive. Concreto e arte.
É seu!
Pra você empresto minha moringa, único objetivo que levo em indas e vindas... mudanças... novas vidas
Quem sou eu
Meus pensamentos teimam em vagar por conta própria, mas sempre dormem em seus braços.
Tenho uma percussão no peito
Medo
O medo encolhe nossas asas, nos deixa sem água e pão leva, enfim, a essência do que somos.
Caco
Taças se quebram e como muitos corações só restam os cacos.
Estrelas
Seu rosto na moldura revela o instante, momentos de procuras e inquietantes esperas. Pedaços perdidos de um passado onde tínhamos tempo de olhar estrelas.
Confissão
Transpiro sentimentos. Não consigo escondê-los. Transbordam dos meus olhos e fazem tremer minhas mãos. Se transformam em palavras, meu único refúgio. Um confessionário aberto ao público.
Fogueira
Se sou feiticeira é o meu destino. Não aceito condenações ou estigmas. Nasci pra me livrar do medo.
Brasília, domingo, 10h
Nas ruas da cidade, a harmonia de concreto e arte nunca nos deixa só. Sentimos que somos parte desta terra vermelha. Mistério e criação.
Falso caminho
Seus gestos, intensos e contidos, escondem promessas de arrepios e devaneios. Afloram anseios profundos que me empurram a outro caminho. Aquele que nunca percorri por medo do desatino.
Traço
Escrever é traduzir um coração pulsante. É traço sinuoso sem linhas pincelado no ar abafado, que nos devora e jorra quente aos olhos de quem procura o belo.
Paixão
Meia-noite. A dança das flores. Prenúncio de paixão.
Procon
Não escolhi ser vulnerável aos seus humores. Não escolhi ficar horas numa fila de espera. Meu peito, hoje, já encerrou o expediente.Volte amanhã e pegue uma nova senha.
Prisioneira
Eu nunca chegarei onde quero se não soltar as algemas que hoje machucam meu pulso.
Marcas da história
Pedras não são armas, mas histórias da natureza concretizadas em pedaços que restaram do passado. Nelas, o universo impresso. É preciso silêncio para desvendá-lo.
Boal
Como nos conscientiza Boal, estamos todos em um teatro de arena onde atuamos visceralmente o que somos dentro de uma realidade sem mentiras. Contracenamos e fundimos nossos mundos em perfeita sintonia da troca.
Feromônios
Existe entre nós uma alquimia, manifestação sobrenatural que não explicamos. Coisas de seres que pousam em nossos ombros e nos empurram um para o outro.
Feliz Natal?
O Natal é sempre o mesmo em milhares de recantos do mundo.
Evolução
"A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados". (Mahatma Gandhi)
Blefe
As cartas já foram dadas e não adianta blefar. Conheço bem o seu jogo. Não fomos parceiros? Mas, hoje, estamos de lados opostos. É perder ou ganhar.
Entre flechas
As flechas que me atingiram estavam envenenadas de amor. Lançadas por pequenos deuses brincalhões que apontam e atingem o alvo. Sem pena. Ai de quem for atingido. Estará irremediavelmente perdido nas tramas da paixão.
Só
A chuva que molha o caminho, escorre pelo rosto e desanuvia os olhos.
Cacos
Por onde andamos?
À água, VIVA!
Etérea, lânguida... pura fluidez. Água-viva! Água-vida. Sem-água. Sem-vida. Sem-nada.
Sem ar
Opaco olhar. Triste forma de estar no mundo. O brilho intenso do desejo ficou no ar. Como nas despedidas em que não há palavras. E ninguém olha pra trás.
No ar
Todo meu amor pendurei na sua janela. Ciclo que nunca termina. Mandala. Construção. Exposição plástica do que sinto.
Cetim
Do começo ao fim, palavras são elos embrulhados em cetim.
Duelo
"Sabe o que eu mais quero agora, meu amor? Morar no interior do meu interior. Pra entender por que se agridem, se empurram pro abismo, se debatem, se combatem, sem saber".
O que somos?
Cada flor, cada ser, cada olhar é único em sua multiplicidade de emoções. Em elos incompreensíveis tornam-se o todo, formado de milhões de inteiros. Mistérios da transmutação.
Dalí
Acordo de manhã e tenho medo de ver aquela moça na janela. Se é quadro de Dalí ou choro de poeta, acordo mas não sei o nome dela.
Londres, 15h20...
Becos achados e perdidos...
Flagrante no FSM
A pobreza mora ao lado (foto:Ana Mariah)
Mosaico
Somos parte e começo de uma longa história como mosaicos em mãos habilidosas que dão forma ao desconexo.
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