Sem nós

Sem nós
O que me prende a ti não são laços. Talvez, nós.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Bela adormecida

A estrada que escolhemos
não tem desvio ou retorno
cercada de abismos e mata
longa e sinuosa
onde poucos
querem passar.
Mas os loucos e poetas
são ousados o bastante
e se entregam a desafios
se aventuram
porque sempre sabem
o que vão encontrar.
Loucos e poetas
nunca se enganam
porque vivem a certeza
e fazem dela um objetivo
seja ser Napoleão
ou acordar com um beijo
alguém que dorme há cem anos.

Resgate em cristal

Da noite,
apenas vestígios de nós dois.
Restos no prato e na cama
migalhas e almofadas
pelo chão.
A urgência da febre
não tem analgésicos.
As mantas que cobrem meu corpo
sãos as mesmas que usamos
juntos.
E, agora, minha pele arde
sozinha.
Triste momento
que o destino
escreveu.
Não resta mais nada
a não ser a entrega
a pensamentos hostis,
arrepios pelo corpo,
nervos estilhaçados
e fibras esticadas ao limite.
Mas não sou de entregar os pontos
me recosturo inteira
com os mais finos acabamentos.
Enquanto você espera
me ver em frangalhos
apareço com a mais fina das vestes.
Feitas de cristal.
Presentes dados
pela mãe terra
tirados do mais profundo
leito
do Planalto Central.