Sem nós

Sem nós
O que me prende a ti não são laços. Talvez, nós.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Obra-prima

Minha obra-prima,
a você confesso:
já espalhei minhas cinzas.
Em envelope,
sintetizei minhas cores.
A números, me reduzi.
Senhas, chaves,
uma espécie de ocorrência.
Reparo, reticências.
Parte concreto,
parte essência.
Entrego a você,
meu confessor,
meu maior espaço,
pedaços de mim.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Nem eu sei

Ao menos que eu me esconda
nos mais remotos cantos,
não deixarei de ser
o que você sempre me diz.
Moura torta errante,
lancelotti,
o sabugo do visconde,
alguém que você
nunca quis.
Quem sabe, amor,
eu não me transforme?
Me torno, então, sua prenda,
envolta em laços,
pura renda?
Quem sabe,
não me amarre
em seus cadarços?
Enfim, quem sabe,
amor?
Talvez eu seja
seu mais doce embate...
Quem sabe?

sábado, 14 de janeiro de 2012

Extremos

Em qualquer idade,
com qualquer face,
seja seca ou enchente
os extremos
desfalecem
os ossos
seja em água
ou no trincado da terra...
O que rasteja,
o que resta
é o que ficou na peneira.

Longe, bem-te-vi!


Juro que não te vi
bem-te-vi!
Embora teu laço
me fortaleça
nos galhos
de lá pra cá,
sou apenas
o descompasso
das dores que permiti.
Por mais que ouça
seu canto doce,
bem-te-vi,
um alguém me trouxe
acalanto, trinado,
perdido em cores.
Por mais que eu conte,
bem-te-vi,
me afino
em noite insone,
sou mais que errante
um triste ausente,
um mero nome,
longe de ti.