Sem nós

Sem nós
O que me prende a ti não são laços. Talvez, nós.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Recomeço

Desatou aos poucos
os laços
e o sentiu deslizar
em suas costas.
Puro veludo azul.
Com dois grampos,
prendeu os cabelos.
Queria sentir o vento
na nuca.
Sempre fazia isso
quando menina
e pulava corda
na porta da escola.
Desvencilhou-se do vestido
emaranhado em seus pés.
Pensou em guardá-lo
mas o deixou ali,
no tapete do quarto.
Afinal, era mais uma noite
sem visitas.
Suspirou.
Do outro lado da rua,
ele a viu.
Encostou-se à parede
do quarto.
Olhos jogados na janela.
Nem sentia mais frio.
Sem querer, prendeu o ar.
Nossa...
há tempos
não via ninguém assim.
Tão trajada de nudez.
Levou as mãos ao rosto.
Por entre as cortinas,
ela suspirou,
derreteu-se em lençóis
e se pintou de azul.
Na noite sem estrelas,
a moça da janela,
finalmente,
dormiu.
Do outro lado da rua,
encostado à parede,
ele só pensava
em se barbear pela manhã.
Apagou a luz,
se vestiu de cor
e sorriu.

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