Sem nós

Sem nós
O que me prende a ti não são laços. Talvez, nós.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Resgate em cristal

Da noite,
apenas vestígios de nós dois.
Restos no prato e na cama
migalhas e almofadas
pelo chão.
A urgência da febre
não tem analgésicos.
As mantas que cobrem meu corpo
sãos as mesmas que usamos
juntos.
E, agora, minha pele arde
sozinha.
Triste momento
que o destino
escreveu.
Não resta mais nada
a não ser a entrega
a pensamentos hostis,
arrepios pelo corpo,
nervos estilhaçados
e fibras esticadas ao limite.
Mas não sou de entregar os pontos
me recosturo inteira
com os mais finos acabamentos.
Enquanto você espera
me ver em frangalhos
apareço com a mais fina das vestes.
Feitas de cristal.
Presentes dados
pela mãe terra
tirados do mais profundo
leito
do Planalto Central.

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